SIMPÓSIO: INTERSECÇÕES DE CRÍTICA E HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA ITALO-BRASILEIRAS
Palestrante:
Prof. Dra. Fernanda Suely Muller (fersmuller@gmail.com)
Resumo:
Tendo em vista a grande pertinência das “Histórias literárias europeias” como modelo para a construção de uma tradição de “História” da nossa literatura nacional, neste simpósio serão debatidos temas concernentes aos possíveis diálogos de língua, crítica, literatura e historiografia ítalo-brasileiras na segunda metade do século XIX. Nesse sentido, serão benvindos os trabalhos que discutam as obras de críticos literários brasileiros como Francisco Adolfo de Varnhagen, José Veríssimo e Sílvio Romero, por exemplo, à luz de possíveis intersecções com os projetos de historiografia literária de críticos italianos como Francesco De Sanctis e Benedetto Croce. Textos que contemplem uma análise comparativa de obras de autores ítalo-brasileiros do período também serão considerados.
Palavras-chave: Diálogos ítalo-brasileiros. Historiografia literária. Francesco De Sanctis. Sílvio Romero
Comunicação 1: Por uma “história literária” da nação: convergências do projeto critico-literário de Francesco de Sanctis e Sílvio Romero
Participante: Profa. Dra. Fernanda Suely Muller (Docente CCI-UFC)
Resumo:
Durante o Romantismo, no limiar da configuração de uma literatura “genuinamente” nacional, observamos que o desenvolvimento da crítica das letras nacionais acompanha e reflete, a pari passu, as inquietações da sociedade daquele momento. Afinal, o que significava “literatura nacional”? E como analisar e desenvolver uma “crítica literária” pertinente à uma literatura ainda em formação? Apesar de pertencerem à realidades distintas, na gênese de uma literatura “brasileira” (enquanto independente da literatura dos nossos colonizadores) e uma literatura “italiana” (na medida em que reflete o novos status de nação “uníssona” e uniforme) é possível estabelecer vários pontos de convergência. Um desses pontos de convergência é a publicação da Storia della Letteratura Italiana (1870), de Francesco de Sanctis e da História da Literatura Brasileira (1888), de Sílvio Romero. Nesse sentido, neste trabalho objetivamos sublinhar a relevância de ambos os críticos para a construção de uma “História” da literatura nacional em seus respectivos países bem como identificar possíveis “matrizes da crítica italiana na obra de Romero.
Comunicação 2: As atitudes do locutor em de Sanctis e Sílvio Romero críticos de Leopardi e Machado de Assis: uma investigação linguístico-argumentativa
Participante: Profa. Dra. Lívia de Lima Mesquita (Docente CCI- UFC)
Resumo: Está disponível ampla literatura acerca da aproximação ideológica, estilística e temática entre as obras de Machado de Assis e de Giacomo Leopardi. Ambos os literatos receberam a crítica da mão dos maiores críticos contemporâneos, Sílvio Romero e Francesco DeSanctis. Neste trabalho, investigamos, à luz da Teoria da Polifonia, de Oswald Ducrot, as funções argumentativas presentes nas atitudes do locutor dos encadeamentos argumentativos em Machado de Assis – Estudo comparativo de literatura brasileira, de Sílvio Romero, e no capítulo La nuova Letteratura, da Storia della Letteratura Italiana, de De Sanctis, que versa sobre Leopardi, de modo a investigar os mecanismos de articulação linguístico-argumentativa dos críticos que patenteiam na língua uma aproximação entre os autores.
Comunicação 3: Confessioni di un italiano: um romance quase-autobiografia
Participante: Giovanna Vettraino (PPGL/UFSC- Nelic)
Resumo:
Citando as palavras de Roberto Schwarz ao definir Verdade Tropical (1997) de Caetano Veloso, na opinião dele «uma autobiografia quase-romance», pretendo ler Confessioni di un italiano (1867) de Ippolito NIevo em termos de um “romance quase-autobiografia”.
O objetivo de meu trabalho será, antes de tudo, o de definir algumas questões da escrita autobiográfica e, sobretudo, o de analisar a função dela tanto no momento da constituição da nação italiana, quanto no da pós-ditadura no Brasil. A partir de uma perspectiva pós-estruturalista, que envolve principalmente Paul de Man e Jacques Derrida, será tratada a relação da autobiografia com a ficção e, enfim, seu valor literário segundo críticos como, entre outros, Emanuele Coccia, Silviano Santiago e Flora Süssekind.
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